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Artigo de Ana Águas
“A Avó Veio Trabalhar” combate o isolamento, valoriza o saber e reinventa o papel da mulher sénior
No centro de Lisboa, um grupo de mulheres 60+ reinventa o envelhecer através da arte e do fazer. “A Avó Veio Trabalhar” é um manifesto contra a invisibilidade e a favor da criatividade em qualquer idade.
Criada em 2014 pela associação Fermenta, “A Avó Veio Trabalhar” nasceu da vontade de valorizar as pessoas com mais de 60 anos, desafiando o estigma da inutilidade e do isolamento que tantas vezes acompanha esta etapa da vida. Através de oficinas de bordado, costura, serigrafia e outras técnicas manuais, o projecto promove o envelhecimento activo, a aprendizagem contínua e a valorização das competências artesanais das participantes.
Estas “avós” — mulheres com diferentes trajectos de vida — reúnem-se todas as semanas no espaço de trabalho partilhado, onde aprendem umas com as outras, criam produtos artesanais únicos e, acima de tudo, constroem laços de comunidade. Os artigos criados são depois vendidos online, em feiras e em lojas parceiras, gerando rendimento e reconhecimento.
“A Avó Veio Trabalhar” não é apenas uma iniciativa de inclusão — é também um estúdio de design social que colabora com marcas e instituições em projectos especiais. Já bordaram para a TAP, para o MAAT, para o Teatro Nacional D. Maria II e até para marcas de moda e design contemporâneo. Cada peça carrega uma história, um gesto, um tempo — e é exatamente essa carga emocional e humana que torna o projecto tão especial.
Além da vertente artesanal, este projecto tem vindo a afirmar-se como uma voz activa na discussão sobre o envelhecimento, o papel das mulheres na sociedade e a importância da intergeracionalidade. As oficinas também estão abertas a pessoas mais jovens, promovendo o encontro entre gerações e a partilha de saberes e afectos.
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Ao longo da última década, “A Avó Veio Trabalhar” conquistou prémios, visibilidade internacional e o carinho do público. Mais importante do que isso, porém, é o impacto real na vida das participantes: autoestima reforçada, autonomia financeira, redes de apoio e, sobretudo, a consciência de que continuam a ter um papel relevante na sociedade.
Num tempo em que a longevidade aumenta, mas a solidão e o idadismo também, projectos como este são faróis de inspiração. Mostram-nos que envelhecer pode ser sinónimo de recomeçar — com dignidade, criatividade e, claro, muito humor.
Para conhecer mais histórias de Marcas e produção portuguesa, acompanhe o Blog Best Portugal Brands.