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Artigo de Isabel Maria
Pareidólia Design expressa-se numa cerâmica contemporânea que observa, interpreta e transforma
Entre design, arte e território Tatiana Ferreira usa a cerâmica como linguagem expressiva e decorativa
A Pareidólia Design apresenta-se como um estúdio de cerâmica e design com sede no bairro da Ajuda, em Lisboa, fundado pela artista e designer Tatiana Ferreira, onde se exploram a escultura, a cerâmica funcional e decorativa, o azulejo e a arte aplicada ao espaço. A sua abordagem alia investigação visual, sensibilidade poética e um profundo respeito pela matéria e pelas técnicas manuais.
Todas as peças são desenhadas e executadas manualmente com pastas cerâmicas nacionais, destacando-se o barro vermelho e negro e outros materiais de origem local. O processo é inteiramente artesanal: mistura do barro, modelação das peças e composição do layout. Isto torna cada criação única, com variações subtis no design geral que resultam numa composição orgânica e espontânea — mas cuidadosamente controlada. As ideias nascem e ganham forma no estúdio, num processo de escuta visual e exploração criativa contínua.
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Biophilia – Uma cartografia sensorial entre o real e o imaginado
A mais recente série apresentada por Tatiana chama-se Biophilia e propõe uma investigação visual profunda sobre a ligação entre o ser humano e a natureza. A série parte do conceito de biofilia – o impulso quase instintivo de procurar ligação com o mundo natural, mas vai além da sua expressão literal. Aqui, o que se desenha é uma cartografia da observação, da memória e da imaginação.
Resultado de um processo meditativo de contemplação, as peças – esculturas de parede, painéis e luminárias — nascem da repetição do olhar até que as formas percam o seu nome. O mundo em redor é observado até que texturas, padrões e estruturas sejam registados mentalmente, desconstruídos e recombinados. O resultado: composições flutuantes entre o orgânico e o abstrato, onde surgem rostos, microcosmos e criaturas imaginárias, como se sempre tivessem habitado uma dimensão paralela da natureza.
Participação na Lisbon Design Week
A Pareidólia Design marca presença na Lisbon Design Week com as suas peças, sendo que a instalação Biophilia, apresentada numa exposição imersiva que combina arte e gastronomia, em parceria com a experiência de degustação japonesa Otsumami, é a sua mais recente incursão. Esta fusão sensorial reforçou a dimensão contemplativa e poética da série, convidando o público a ver, escutar e sentir.
Além disso, a Pareidólia integrou outras exposições da programação oficial, como a Cedrus Curated — iniciativa sem fins lucrativos que funde arte e design em espaço corporativo, concebida em parceria com Roshi Kamdar — e a exposição O Colecionador Coloquial, na Manufactura das Tapeçarias de Portalegre, com curadoria do MS Studio.
Cerâmica com valores: trabalho digno, igualdade e território
A obra de Tatiana é não só um manifesto estético, mas também uma expressão de valores claros: a defesa do trabalho digno e crescimento económico sustentável, bem como a igualdade de género, dois dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que a artista valoriza e promove na prática do seu atelier. Este compromisso traduz-se na escolha de matérias-primas locais, na produção manual e na relação ética com o tempo de fazer, afastando-se de lógicas industriais ou de produção massiva.
O estúdio opera num modelo que valoriza o tempo, a observação e o detalhe, respeitando o processo criativo de forma consciente e sustentável.
Para arquitectos, designers e todos os que procuram peças com alma
O trabalho da Pareidólia Design tem conquistado profissionais da área de arquitectura e design de interiores, que encontram nas peças de Tatian soluções únicas para integrar em projectos residenciais, comerciais e culturais. Mas a marca também mantém uma relação próxima com clientes particulares, sensíveis à autenticidade, à arte manual e à narrativa por detrás de cada criação.
Mais do que peças decorativas, a Pareidólia oferece experiências sensoriais, objectos com alma e presença, que desafiam o olhar e despertam a atenção para o invisível.