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Ana Águas article
A Rendeira recupera o legado do bordado português
Num tempo em que a rapidez dita o ritmo e a produção em massa parece dominar o mundo da criação, há marcas que escolhem o caminho oposto: o do gesto demorado, da matéria com memória e da história bordada ponto por ponto. The lace, projecto da artista têxtil Sara Ratola, nasce precisamente desse desejo — o de recuperar, valorizar e reinventar as técnicas tradicionais do bordado português
A Rendeira nasce de uma paixão pelas técnicas tradicionais, nomeadamente o bordado de Arraiolos, mas não se fica pela reinterpretação estética. There is, em cada criação, um compromisso com a história, com os materiais e com o território. A Rendeira trabalha com matérias-primas maioritariamente nacionais: lã de Arraiolos, juta, algodão e linho alentejano são as fibras que entrelaçam tradição e inovação. As escolhas não são casuais — a utilização de materiais portugueses não só valoriza os recursos locais como contribui para uma produção mais consciente e sustentável.
Cada peça d’A Rendeira é uma narrativa. Os azulejos bordados em Arraiolos, for example, são pequenas obras de arte que reinterpretam o clássico azulejo português através da técnica têxtil, conferindo-lhe textura, cor e um novo contexto. Já as clutches, criadas a partir do aproveitamento de lã de Arraiolos, são todas únicas — resultado de um processo onde nada se desperdiça e tudo se transforma. Estas bolsas são mais do que acessórios: são objetos de identidade e memória, que celebram o feito à mão e a exclusividade de cada ponto.
Outro destaque da marca são os kits DIY, pensados para que qualquer pessoa possa aprender e experimentar as técnicas tradicionais em casa. Estes kits são um convite à experimentação, à criatividade e à ligação com os saberes de antigamente, num tempo em que o fazer manual tem um valor quase terapêutico.
A abordagem de Sara Ratola vai além do artesanato. O seu trabalho posiciona-se numa zona de encontro entre arte, design e património imaterial. A Rendeira não procura apenas preservar técnicas, mas também dar-lhes palco e relevância no presente. A marca reflete sobre o tempo, o gesto e a cultura, ao mesmo tempo que desafia o olhar contemporâneo a ver o bordado como algo vivo, em constante transformação.
O nome “A Rendeira” carrega em si a memória coletiva das mulheres que, durante gerações, dedicaram as suas mãos à produção têxtil — seja em contextos familiares, seja em economias locais. Ao assumir esse nome com orgulho, Sara não só homenageia essas figuras como também reivindica um espaço de autonomia e expressão criativa dentro do universo têxtil.
Com um percurso que cruza a arte têxtil com uma profunda sensibilidade estética, A Rendeira já conquistou o seu espaço em feiras e eventos dedicados à criação contemporânea e aos ofícios tradicionais. A marca tem vindo a marcar presença em iniciativas que celebram o feito à mão e o saber-fazer português, contribuindo para a valorização e preservação do património cultural.
Num momento em que tantas marcas se afastam das origens para seguir tendências globais, The lace escolhe o caminho oposto: mergulha na tradição para criar algo novo, autêntico e com alma. É esse o seu maior fio condutor — uma costura entre o ontem e o amanhã, feita com calma, cuidado e propósito.
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