A Portugal Ceramics é uma marca criada para promover os sub-sectores da Cerâmica portuguesa
Portugal Faz Bem esteve à conversa com os seus estrategas, Laura Moreira e João Gilsanz Magalhães que, orgulhosos do seu trabalho de criação, amavelmente acederam participar na Entrevista, que transcrevemos. Quisemos saber mais sobre os bastidores desta marca, e disseram-nos tudo.
Photo credits: (C) Isola – photos by Gabriele Correddu – Will Shoot People for Food™
Provavelmente enquanto lê esta entrevista a equipa da Portugal Ceramics estará presente na conferência AIA Conference in Architecture 2023, em São Francisco (EUA). Neste evento a indústria da arquitectura, engenharia e construção irá encontrar-se para definir e desenhar o seu contributo para a construção do futuro e Portugal Ceramics estará a participar e a contribuir para a construção de um mundo melhor e mais sustentável, com a Cerâmica portuguesa.
O que é a Portugal Ceramics, quem a fundou e quando?
A Portugal Ceramics é uma marca promocional criada por vontade da APICER – Associação Portuguesa das Indústrias de Cerâmica e Cristalaria, e dos seus associados, com o objectivo de promover os sub- sectores da Cerâmica Utilitária e Decorativa, e Cerâmica de Pavimentos e Revestimentos nos mercados internacionais.
Esta marca, que nasce no âmbito do projecto INTERCER – Promoção da Internacionalização da Cerâmica Portuguesa – pretende aumentar a notoriedade da cerâmica portuguesa e definir um novo posicionamento que se quer relevante para os diferentes actores envolvidos (arquitectos, designers de interiores, decoradores, retalhistas, utilizadores finais, etc.), autêntico e diferenciador.
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PORTUGAL CERAMICS
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PORTUGAL CERAMCS
De modo a atingir este propósito a Portugal Ceramics, tem promovido activações que têm contribuído para aprofundar o conhecimento, por parte dos mercados internacionais, do carácter único das empresas portuguesas e do valor das soluções que concebem e produzem. A Portugal Ceramics dá a conhecer as marcas de cerâmica Portuguesas, sublinhando o seu carácter inovador e autêntico através de uma assinatura – the Art of Possibility – que traduz a capacidade demonstrada pelas empresas portuguesas, e dos seus profissionais, para transformar ideias em soluções tangíveis.
A marca foi recentemente premiada nos prestigiados German Design Awards na categoria de ‘Excellent Communication’.
Qual o espaço no mercado português que a Portugal Ceramics vem ocupar? E internacionalmente?
Como referido na resposta à questão anterior a marca Portugal Ceramics tem como propósito principal a promoção internacional da cerâmica Portuguesa.
Quantas são as marcas que a Portugal Ceramics representa e qual o critério de agregação?
A marca Portugal Ceramics, representa a cerâmica Portuguesa, enquanto sector. Ainda que a iniciativa tenha partido da APICER, e das empresas suas associadas, todas as actividades de promoção da marca abrangidas pelo projecto INTERCER (suportado por um SIAC – Sistema de Apoio a Ações Coletivas) têm carácter universalista – ou seja, o usufruto dos benefícios resultantes das actividades decorrentes do INTERCER deve ser acessíveis a todas as empresas independentemente de serem associadas da APICER.
Qual o seu denominador comum?
Quando falamos de cerâmica Portuguesa, falamos de um universo de empresas, muito diverso. Desde logo, temos os diferentes sub-sectores, e dentro de cada um deles temos empresas com estratégias distintas, com produtos diferentes, que estão presentes em mercados diferentes através de canais de distribuição diferentes. Encontrar o chão comum num sector tão heterogéneo acabou por ser o exercício central na definição da estratégia desta marca.
Aliás, o grande desafio prendeu-se, precisamente, com a definição de um posicionamento que fosse verdadeiro, autêntico e diferenciador. Historicamente, a cerâmica portuguesa, está associada a qualidade. Contudo, a qualidade já não é um factor distintivo, é sim um requisito obrigatório para competir. Ou seja, verdadeiramente não existia uma ideia concreta, no que ao posicionamento diz respeito, que ajudasse as empresas portuguesas a destacarem-se, com verdade, dos demais competidores internacionais. Infelizmente, as empresas portuguesas (não só deste sector) enfrentam muitas vezes a ideia que se associou a Portugal de best deal, o que remete imediatamente para a pressão no preço.
Durante a fase de definição da estratégia focámo-nos em criar uma marca que fosse verdadeira e que representasse a essência das empresas de cerâmica Portuguesas.
Procurámos incessantemente as respostas ás seguintes perguntas:
O que torna a cerâmica portuguesa única? Quais são as especificidades que cerâmica portuguesa deve dar a conhecer ao mundo? Por que deve alguém escolher a cerâmica portuguesa em detrimento de cerâmica de outra proveniência? Porque motivo é que a proveniência Portugal deve ser valorizada?
“A qualidade já não é um factor distintivo, é sim um requisito obrigatório para competir.”
Concluímos que o denominador comum estava alicerçado no caráter resoluto com que as empresas portuguesas encaram os desafios colocados pelos seus clientes. Um carácter formado por legado, know- how, artesanato, criatividade, design e inovação. E, acima de tudo, algo único que fala através de cada peça de cerâmica que criamos. Um desejo obsessivo de entregar o que, muitas vezes, aos olhos dos outros, parece quase impossível. A vontade incomparável de oferecer o que os clientes precisam e querem. A vontade de descobrir uma resposta para um problema específico, para encontrar uma solução onde outros competidores não veem nenhuma. A nossa atitude ímpar para entregar os pedidos especiais, satisfazer as especificações exigentes, o feito à medida. Entregar o excepcional, todos os dias. E assim, o posicionamento por nós definido centrou-se na ideia de masters of possibility.
Como caracterizam o mercado da cerâmica Portuguesa, tendo em conta a sua qualidade e inovação?
A qualidade da cerâmica Portuguesa é reconhecida pelo mercado e as empresas Portuguesas têm investido na inovação, não só do produto, como também do processo. As exigências associadas à sustentabilidade do planeta, e da sociedade, estão, obviamente, a colocar enormes desafios às empresas. Ainda assim, queremos acreditar que este é, não só o caminho certo, como também, poderá poderá ser, no futuro, um factor competitivo diferenciador que ajude a combater os efeitos do dumping social e ambiental que as enfrentam, tão injustamente, por parte de outros competidores internacionais, nomeadamente os asiáticos.
Qual a unicidade da cerâmica portuguesa em contexto global?
Remetemos a resposta para uma das respostas anteriores e para o posicionamento que foi definido. Ainda assim queremos sublinhar que devemos, de novo, atender à heterogeneidade do sector para responder à questão. Portugal é, por exemplo, o maior produtor de louça utilitária de grés na Europa e o segundo maior no mundo. Esta posição está alicerçada na nossa capacidade inovadora, no design, na qualidade e, também, no nível de serviço. Os maiores players do sector, que iniciaram o seu percurso enquanto fornecedores de cadeias de retalho (ou seja, produziam para marcas próprias) estão agora, também, e com muito sucesso a desbravar caminho com as suas marcas de fabricante. Este investimento, por parte destas empresas Portuguesas, tem sido crucial, para a afirmação da autoridade e notoriedade da cerâmica Portuguesa.
A criação desta marca, e as iniciativas que têm sido implementadas, são fundamentais para a notoriedade e autoridade das empresas portuguesas do sector da cerâmica. Esta iniciativa apresenta as empresas em conjunto sublinhando a sua complementaridade e a diversidade, positiva, do sector.
A Portugal Ceramics tem partilhado que irá estar presente na Feira de Milão. Qual a estratégia que levam para se destacarem das demais apresentações?
À data da nossa resposta a Portugal Ceramics marcou presença na Milan Design Week (e em simultâneo na BAU em Munique). Neste momento estamos na Berlin Design Week. A opção pela presença nestes dois eventos justificou-se essencialmente pela nossa forte convicção de que as empresas, e marcas, Portuguesas têm que ser vistas como mais do que um “centro de produção”. É extremamente importante afirmar a nossa competência na vertente de design. Elevar objectos que qualquer pessoa pode ter em casa ao estatuto de obra de arte foi a forma encontrada para exibir peças que na sua concepção cruzam o nosso legado, a nossa cultura, o design contemporâneo, as tradições, o saber fazer tradicional e a tecnologia. O objectivo foi claramente colocar o design e a qualidade da cerâmica utilitária e decorativa portuguesa em dois prestigiados palcos internacionais.
Qual o impacto desta feira nos negócios das marcas que se fazem representar?
A Portugal Ceramics está a trabalhar essencialmente a notoriedade. As diferentes activações que a marca tem promovido têm sempre esse propósito. Não existe uma lógica transacional.
Portugal Faz Bem é um novo portal
Qualquer iniciativa que dê um contributo positivo para a dinamização das empresas portuguesas é uma boa iniciativa. Em Portugal, tal como noutros países, há produtos com excelente qualidade, quer ao nível do design quer ao nível do fabrico. Mas a comunicação, nomeadamente através da criação e gestão de marcas, é uma variável que pode definir a maior ou menor capacidade da empresa prosperar no mercado e aportar mais valor.
Os estrategas
Laura Moreira é fundadora e diretora criativa na Super. Licenciada em Design e mestre em Design Editorial, sempre teve um vínculo muito forte com design de identidade. Vê o design como um veículo de comunicação entre o propósito da marca e o seu público alvo. Na Super gere e equipa de design e desenvolve a ponte entre o departamento de estratégia e o design.
João Gilsanz Magalhães é um dos fundadores, e director de estratégia, da Super. É licenciado em Engenharia e Gestão Industrial e detém um MBA. Durante os seus primeiros 15 anos de actividade profissional foi consultor na Deloitte e na Porto Business School, onde desenvolveu projetos de consultoria e formação em empresas de referência, em vários sectores de atividade. Há 10 anos atrás abraçou o universo do branding e actualmente dedica-se a pensar estratégia para as marcas dos seus clientes e a criar identidades verbais.
Laura Moreira é fundadora e diretora criativa na Super. Licenciada em Design e mestre em Design Editorial, sempre teve um vínculo muito forte com design de identidade. Vê o design como um veículo de comunicação entre o propósito da marca e o seu público alvo. Na Super gere e equipa de design e desenvolve a ponte entre o departamento de estratégia e o design.
João Gilsanz Magalhães é um dos fundadores, e director de estratégia, da Super. É licenciado em Engenharia e Gestão Industrial e detém um MBA. Durante os seus primeiros 15 anos de actividade profissional foi consultor na Deloitte e na Porto Business School, onde desenvolveu projetos de consultoria e formação em empresas de referência, em vários sectores de atividade. Há 10 anos atrás abraçou o universo do branding e actualmente dedica-se a pensar estratégia para as marcas dos seus clientes e a criar identidades verbais.