Catarina Leonardo, mais conhecida por Kate.wanderinglife, faz do conteúdo de viagens uma nova forma de vida.
Conheça o testemunho de uma blogger aventureira e moderna, sobre as descobertas únicas que o Turismo Industrial proporcionam, a ela e à filha.
Catarina Leonardo é uma antiga consultora que decidiu abraçar o sonho de fazer da produção de conteúdo de viagens, uma nova forma de vida.
Viaja pelo mundo há 25 anos, de mochila às costas, sem guia e com zero planos, para destinos alternativos e nós conhecemo-la após um passeio num antigo barco da pesca do atum, pela Costa de Sesimbra e que a levava até à Arrábida.
Desde que a sua filha Maria nasceu, e com apenas dois meses, começou a acompanhar a ela e ao pai, pelo mundo, em muitas aventuras. Juntos já mergulharam nas praias da Tailândia e das Maldivas, já andaram de carro no Kruger, na Polónia, em Moçambique ou na Arábia Saudita e de autocarro nos Balcãs ou no Senegal. Sempre de forma independente.
Depois de criar o blog de viagens Wandering life e de ter sido uma das fundadoras da Associação de Bloggers de Viagem Portugueses, prepara-se para lançar o seu primeiro livro de viagens. Já faltava uma coleção de livros de viagem para crianças!
a Entrevista
1 – Olá Catarina! Para darmos a conhecer um bocadinho o teu trabalho como Blogger, qual o tipo de viagens que fazes normalmente, principais objectivos e como as programas?
Viajo de mochila às costas, sem nada marcado e para destinos um pouco “alternativos”, em família, com o Ricardo e a Maria. Ela tem neste momento nove anos, mas desde os seus dois meses que nos acompanha pelo mundo.
Esta forma de viajar permite ter toda a liberdade do mundo, uma vez que tenho a possibilidade de chegar a um local e perceber se gosto e optar ficas uma, duas, três noites… ou se pelo contrário me apetece logo partir e explorar um novo destino. Pode apetecer ficar mais tempo para almoçar com quem conhecemos no café, para irmos novamente a um miradouro, repetir alguma experiência que tenhamos gostado. Há todo um mundo novo absolutamente deslumbrante quando chegamos a um novo local. E claro há que ter tempo para os imprevistos, desafios e até pequenos problemas.
O que me fascina e motiva a viajar, é a riqueza que encontro no contacto direto com culturas diferentes daquela onde habitualmente me insiro. Conheço e aprendo sobre várias matérias e sobre mim mesma.
2 – Já sabemos que incluis a modalidade de Turismo Industrial nas tuas viagens, com a tua filha. Num pequeno resumo, o que é para ti o Turismo Industrial?
Os espaços que integram a oferta ligada ao Turismo Industrial são privilegiados no que diz respeito ao saber fazer. E isto é história, tradições, conhecimento, cultura, tudo muitas vezes “misturado” em espaços belíssimos. São portanto experiências privilegiadas e originais.
3 – Qual a percentagem aproximada de visitas que fazes a fábricas e locais de laboração vivos, em comparação com outros tipos de atracções turísticas, e porquê essa escolha?
A percentagem depende imenso dos destinos por onde ando. Mas inevitavelmente, sempre que existem espaços ligados ao Turismo industrial, procuro conhecer a atividade e visitar locais ligados à produção da terra. São as tradições do povo, e isso é imperdível.
Fábrica de Lanifícios, Covilhã.
4 – Como achas que o Turismo Industrial enriquece as tuas viagens, pensando especialmente na tua filha, em termos de educação e experiências culturais?
Na minha perspetiva, observar de perto, conhecer e conversar com quem sabe fazer determinada tarefa, é a melhor forma de aprender e de valorizar até. Claro que podemos ler num livro “tudo” sobre um ofício, mas nunca será a mesma coisa. O calor emitido, o som, o ritmo, toda a envolvência do espaço, a forma como se interliga com as restantes tarefas, são elementos únicos. O “peso” das tradições na maneira como uma tarefa é executada.
Eu sei que ela aprende muito com estas experiências.
5 – Vês alguma relação entre Turismo Industrial e Marcas? Se sim, como achas que essa relação impacta nas tuas experiências de viagem, e a forma como passamos a olhar para as marcas envolvidas?
A relação que cada um de nós tem com uma marca depende de muitos fatores. Um deles, muito provavelmente o mais importante, na minha opinião, é a possibilidade de contacto com o processo de fabrico dos seus produtos. Conhecermos de perto, tocarmos, sentirmos as formas de alguma coisa acabada de ser fabricada, observarmos toda atividade de laboração, termos a oportunidade de conversar com o executante são aspetos muito relevantes para a existência de uma experiência rica e impactante. O que que possibilita a criação de um laço emocional com o produto e a sua marca.
Duvido que este envolvimento não crie de imediato ligação à marca e ao local (geográfico) onde ele se encontra.
6 – Na tua opinião, como é que o Turismo Industrial pode contribuir para a promoção da cultura local e o desenvolvimento económico das comunidades visitadas?
Visitar antigos locais de laboração ou aqueles que ainda se mantêm “vivos” é conhecer a maneira como uma boa fatia da comunidade local vive, pensa e quais são as suas tradições. É muito mais do que apenas a maneira como uma coisa é feita.
A forma como qualquer pessoa executa uma determinada tarefa está carregada de hábitos, de histórias antigas, de ensinamentos de pais e avós que muito provavelmente já tinham a mesma profissão.
Ter oportunidade de visitar estes espaços é uma belíssima forma de tomar o pulso à cultura local, de nos ligarmos à terra, de querermos voltar (ou permanecer mais tempo) e de recomendarmos uma visita aos nossos amigos.
mina de sal, polónia.
7 – Acreditas que o turismo industrial pode ser uma forma eficaz de incentivar a consciência ambiental e social entre os viajantes? Se sim, como achas que isso pode ser alcançado?
Acredito que cada vez mais quando alguém viaja, passeia, fora ou dentro de Portugal, procure ter experiências imersivas, genuínas e estimulantes. Na minha opinião os “pacotes” com visitas rápidas, em grupo, onde a interação com a comunidade local é muito reduzida ou até inexistente tenderão a desaparecer…
Com a própria evolução que todos conhecemos do mundo, estamos inevitavelmente mais despertos a conceitos como turismo responsável e regenerativo. E isto apenas pode ser feito com uma profunda ligação à comunidade e com uma mudança da maneira como encaramos a chegada a um novo local. Penso que pode passar por optar por alojamento explorado por locais e restaurantes típicos da terra e também por procurar conhecer, valorizar, o saber fazer.
8 – Qual a relação com os teus seguidores, quando visitas estes locais? Qual o tipo de feedback que tens?
A minha comunidade mostra ter bastante interesse em conhecer estes locais. Penso que por algumas vezes não conhecer o espaço e também pela surpresa em perceber o tipo de experiências que uma visita pode possibilitar. Conhecer novas pessoas e ter acesso a outras realidades geram sempre bastante interesse.
CONTAcTOS
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54 viagens desde 2 meses da Maria
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